Em meio à comoção, o relato de um dos sobreviventes oferece não só um vislumbre da cena, mas também revelações impactantes sobre como escapou do pior.
Fernando Veronesi, que estava a bordo do balão com sua namorada, descreveu os momentos de tensão e o que ele chamou de “salvação por milagre”. Segundo seu depoimento, nada parecia indicar que aquele passeio ao nascer do sol terminaria em desespero.
No entanto, quando o calor dentro da cesta aumentou subitamente, ele teve um pressentimento e avisou a companheira: “Levanta, vai ter impacto”. A advertência foi precisa. O balão caiu em uma plantação de arroz, e o solo fofo amorteceu parte do impacto.
Com a força da batida, Fernando foi lançado do cesto, caindo diretamente no barro. Em um instante, viu a cesta virar, passar por cima deles e, logo em seguida, subir novamente agora em chamas.
Segundo Fernando, a orientação do piloto foi para que todos se abaixassem, mas ninguém foi alertado sobre a possibilidade de um pouso forçado. Veja vídeo do trecho da entrevista do sobrevivente:
Ele ainda conseguiu localizar sua namorada logo após a queda, ambos cobertos de barro, em estado de choque. Enquanto a Polícia Civil segue com a investigação, o depoimento de Fernando deve ser uma peça central para esclarecer os fatos.
A empresa responsável ainda não se pronunciou oficialmente. “Foi a mão de Deus”, concluiu Fernando um relato que comove e lança luz sobre o que realmente aconteceu no céu de Santa Catarina naquela manhã.
Neste último sábado, dia 21 de junho, ocorreu a queda de um balão na região de Praia Grande em Santa Catarina, o que motivou vítimas da mesma família e profissionais de diversas áreas.
Entre os oito mortos, todos estavam viajando com os seus familiares, entre eles, uma médica e sua mãe, de Blumenau e um casal de Joinville que fazia um passeio com a filha, que conseguiu sobreviver.
Outra família que está sofrendo com perdas é a de Everaldo e Janaina da Rocha, de Joinville, a filha do casal, de 22 anos, também estava no veículo áereo e conseguiu se salvar ao pular quando o balão se aproximou do solo, mas seus pais ficaram e morreram.
Entre os mortos, também estão o médico oftalmologista Andrei Gabriel de Melo, o diretor-técnico Leandro Luzzi, o bancário gaúcho Fabio Luiz Izycki e a engenheira agrônoma Juliane Jacinta Swaricki.
Moradores da região contaram sobre o que testemunharam. O pedreiro Deoclides Scheffer Valen relatou que escutou gritos e viu o desespero. Ele contou que viu uma pessoa se jogando.
O diarista Bernardino de Jesus acolheu um dos sobreviventes que pulou do balão, contando que ele saiu correndo, se ajoelhou em frente a uma igreja e rezou. Eles deram cobertor e água com açúcar para essa pessoa.
Dos treze sobreviventes, cinco foram encaminhados para uma unidade de saúde com ferimentos leves e queimaduras de segundo grau e todos receberam alta. Eles receberam apoio psicológico necessário para esse momento.
Com a perda, o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, decretou luto oficial de três dias e prometeu que irá realizar uma investigação rigorosa.